Olimpíadas 2024: 90% das PMEs não exploram o tema, mas ainda dá tempo; veja dicas
Entenda como alguns empreendedores estão apostando na temática para aumentar as vendas e participar da conversa Enquanto o Brasil escala o ranking de medalhas nas Olímpiadas de Paris 2024, a maior parte dos empreendedores brasileiros têm olhado o evento com ceticismo quanto ao potencial de gerar negócios. Um levantamento do fundo de impacto Estímulo identificou que apenas 10% dos micro, pequenos e médios empreendedores estão explorando o tema. Especialistas, no entanto, acreditam que ainda dá tempo de “entrar na conversa”.
De acordo com o fundo, 66% dos empreendedores dizem não sentir diferença nas vendas de produtos ou serviços no período. 20% veem crescimento entre 5% e 30%, e 14% estimam aumento de 30% nas vendas nessa época. Foram consultados 210 empreendedores em todo o país.
Especialistas procurados por PEGN dizem que a baixa adesão e, consequentemente, o pouco reflexo nas vendas da maioria, pode ter duas razões principais: a falta de percepção do pequeno e médio empreendedor de que ele também pode participar da conversa e reforçar a marca na região e a má fase de algumas modalidades, sobretudo as coletivas, que costumam ser mais populares – como o futebol masculino que sequer se classificou. Um ponto que endossa isso é que 77% dos empreendedores ouvidos dizem preferir investir na Copa do Mundo.
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De acordo com o Estímulo, os segmentos com mais campanhas, entre os respondentes, são Alimentação, Construção e Mobília e Serviços. Entre quem está explorando o tema, 40% expõem produtos que têm a ver com os Jogos, 40% apostam em ações nas redes sociais e 20% divulgam materiais off-line, como panfletos e carro de som.
Mariane Salvador, Head de Educação do Estímulo, diz que o evento pode apresentar uma série de oportunidades para negócios dos mais variados nichos. “O setor de alimentação pode atrair clientes com transmissões ao vivo dos jogos, promoções especiais e cardápios temáticos inspirados nos países participantes. O comércio também pode se beneficiar oferecendo roupas e itens esportivos que ganham popularidade durante os jogos. Atualmente, o Brasil se destaca em diversas modalidades, como skate e surfe, por exemplo”, afirma.
Drinque, pastel e engajamento
Vini Ikeda, chef do The Oriental Izakaya
Divulgação
Um dos empreendedores que resolveu arriscar e investir no evento é Vini Ikeda, 40 anos, dono do restaurante The Oriental Izakaya, em São Paulo, que oferece comida japonesa com ingredientes brasileiros. Na Copa do Mundo, em 2022, o empreendedor faturou com a transmissão dos jogos, agora resolveu criar produtos para a data, como um drinque e um petisco verde e amarelo.
O coquetel, chamado Burajiru Chuhai, leva matchá, shochu (destilado japonês), calda de gengibre, mix cítrico, água com gás e suco de laranja. “Uma bebida japonesa com as cores do Brasil”, diz. Já o petisco, que deve ser lançado no próximo sábado, é o Midori Fried Boru, um bolinho frito de brócolis ninja com shiso, recheado com costela desfiada e ovo de codorna que vem servido com maionese de curry. “Fizemos praticamente uma versão japonesa do ‘bolovo’”.
Drinque e petisco do The Oriental Izakaya em homenagem às Olímpiadas 2024
Divulgação
Ikeda não tem uma expectativa de aumento de vendas com as ações. De acordo com ele, o objetivo é participar do momento. “O cliente nos visita para o consumo normal ou liga perguntando se estamos passando os jogos na TV. Ele vem com os amigos e se surpreende com o drinque. A aceitação tem sido bem boa”, conta.
Outro negócio de alimentação que resolveu apostar no potencial dos Jogos Olímpicos foi a rede de franquias 10 Pastéis, que colocou no cardápio a linha Pastelímpicos, no fim de julho. A ideia é oferecer sabores inspirados nos países Brasil, Estados Unidos, França, México e Alemanha. Os itens serão comercializados até o final de setembro.
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“Realizamos pesquisas constantes e temos uma comunicação direta com nossos clientes para entender as maiores necessidades deles”, diz Lucas Nagano, diretor de novos negócios da rede. O objetivo é que a venda dos itens da linha represente 5% do faturamento de cada uma das 59 lojas, atingindo R$ 431 mil durante o período.
Outra rede de franquias, a Fast Tennis, especializada em academias de tênis, vê o período como uma oportunidade para arrebanhar novos alunos. Com um planejamento pensado especialmente para os Jogos Olímpicos, a empresa dividiu as estratégias de captação e retenção em etapas que contemplam novos usuários, alunos já matriculados e público interno. Com o plano sazonal, prevê aumento de 15% na procura por aulas.
Cristiane Marques, head de marketing da Fast Tennis, diz que as 16 unidades têm convidado crianças de escolas das regiões em que atuam para ter uma experiência na modalidade, aproveitando o clima olímpico.
Alunos da Fast Tennis: marca apostou em promoções para novos alunos e para quem já faz parte da rede
Lara Figueiredo / acervo Fast Tennis
“A ideia é permitir um contato, muitas vezes o primeiro, com a modalidade e o despertar do interesse deste público. Para novos clientes, será gerado um cupom que concederá um mês em dobro. Ou seja, quem comprar o plano de uma vez por semana, poderá treinar duas vezes”, diz a executiva.
Também há ações programadas nas redes sociais para engajamento de alunos, com premiações relâmpago. Havia uma campanha vinculada ao desempenho dos atletas brasileiros de tênis, mas como o país já foi eliminado, o conceito foi reformulado. Agora, alunos atuais que postarem fotos com a camisa da marca ganham um crédito para usar as quadras a cada medalha brasileira – a campanha entra no ar nesta sexta-feira (2/8) e não é retroativa. Para alunos novos, o crédito será concedido a cada medalha de ouro conquistada.
Os incentivos também alcançam os franqueados: quem conseguir mais alunos no período, em comparação ao melhor resultado histórico próprio, será premiado.
Participar das conversas pode trazer visibilidade… e vendas
De acordo com Ana Vecchi, especialista em expansão de negócios e CEO da Ana Vecchi Business Consulting, a baixa adesão observada pode ser explicada porque empreendedores não costumam consultar calendários que possam trazer oportunidades para o negócio. “A cultura do pequeno e médio, de achar que ‘isso é para os grandes’ ainda faz com que eles deixem de apostar em ações simples, que poderiam encantar os clientes”, analisa.
A especialista diz que muitas propostas podem ser colocadas em prática sem a necessidade de grandes investimentos. “A comunicação pode estar nas mídias sociais das PMEs, e as vendas podem estar voltadas a soluções que aquele negócio pode resolver enquanto as pessoas assistem aos jogos”, diz.
Marcos Bedendo, professor de branding da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), diz que se a marca tiver um DNA que se conecte, de alguma forma, com os Jogos Olímpicos, o período pode ser uma oportunidade para atrair vendas e visibilidade. Sobretudo porque o assunto domina as conversas.
Campanhas que exaltem as cores do Brasil e se refiram a esportes, de forma geral, podem ser adotadas por empreendedores. “Seja trabalhando elementos alusivos ao Brasil, aos atletas do Brasil, a alguma modalidade em específico ou a todas. Cada negócio pode, criativamente, entender onde se encaixa melhor na conversa”, diz o especialista.
Bedendo reforça que um cuidado sempre válido é a respeito do uso de símbolos oficiais protegidos pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB) ou por confederações esportivas diversas. “Eventualmente divulgar que um atleta é um medalhista pode ser feito, mas sem dar a entender que ele apoia seu negócio ou vice-versa, por exemplo”, diz.
O especialista diz que o empreendedor não precisa pensar em campanhas apenas para um resultado imediato de vendas. “Uma associação com esportes, algo saudável, por exemplo, vai ajudar a apresentar sua marca, estar presente em algo que esteja sendo discutido para criar uma conexão com os consumidores.”
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