Startup cria sistema de descarbonização mais eficiente para a indústria
Método filtra as emissões antes de elas serem lançadas na atmosfera Os equipamentos da DeCARB são instalados em tubulações e chaminés e, por meio de um sistema customizável de captura de gases de efeito estufa, em especial o CO2, atende a demandas industriais específicas. A solução foca em captar esses gases antes de eles serem lançados na atmosfera.
O sistema trabalha, ainda, com armazenamento e possível utilização do dióxido de carbono, o que contribui com a meta de redução de emissões de gases de efeito estufa das indústrias e a busca pelo carbono zero. Possibilita também a economia circular – uma vez que disponibiliza CO2 para que ele volte para cadeias industriais. Ele pode ser utilizado na fabricação de bebidas gaseificadas, na descontaminação e tratamento de alimentos e no resfriamento de determinados materiais, como metais, por exemplo.
De acordo com Flávio Pietrobon Costa, 60 anos, cofundador, CEO e coordenador de tecnologia, o método da DeCARB é bastante inovador porque, ao contrário de outras tecnologias que buscam filtrar o gás carbônico na atmosfera, ele faz isso de forma preventiva. “Além disso, na maioria dos casos, os outros sistemas de captura de CO2 exigem a construção de estruturas gigantescas, com um gasto energético enorme e que capturam uma quantidade pequena de gases”, explica Costa.
No caso da DeCARB, são utilizados equipamentos compactos, de aproximadamente 12 metros de comprimento por 8 de altura e 6 de largura, que se adequam a qualquer planta industrial. “Com cinco unidades, por exemplo, neutralizamos emissões anuais de um de nossos clientes, uma mineradora transnacional”, afirma Flávio Pietrobon Costa.
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Outra característica interessante do sistema da DeCARB é que a matéria-prima que a startup usa nos seus equipamentos não é poluente nem contaminante. “Fabricamos esse material a partir de resíduos orgânicos que seriam descartados em lixões ou em outros locais, causando vários prejuízos à natureza e à saúde, porque atraem insetos, como o mosquito da dengue, e roedores, como ratos”, diz Costa.
Ciência e empreendedorismo
A DeCARB tem como diferencial o investimento em pesquisa científica. Seus fundadores gostam de destacar que focam na integração da academia com ecossistema de inovação. “Flávio é coordenador de inovação tecnológica da Universidade Estadual de Santa Cruz, no sul da Bahia. Eu fui coordenador de inovação tecnológica da Universidade Federal da Bahia. Um dos grandes desafios da economia brasileira é essa integração intersetorial, especialmente entre universidade e empresa”, afirma Paulo Pietrobon, 49 anos, CPO e responsável pela área de projetos e estruturação do negócio.
Paulo Pietrobon explica que a DeCARB, que atualmente tem sede em Belo Horizonte (MG), é uma spin-off da RECICLI, empresa focada em tecnologias de sustentabilidade ambiental e fomentada pelo CNPQ desde 2005, sob coordenação de Flávio Pietrobon Costa. “Em 2021, ainda dentro da RECICLI, a DeCARB foi acelerada pelo FIEMG Lab 4.0, programa de inovação da Federação das Indústrias de Minas Gerais. Foi nesse processo que desenvolvemos uma prova de conceito e validamos a capacidade de captura de CO2 pelo nosso sistema”, conta Pietrobon.
Saiba mais
No ano seguinte, eles constituíram a DeCARB como um negócio independente. Além do sistema de captura de gases de efeito estufa, a startup oferece serviço de análise de sistemas e plantas industriais para diagnosticar a possibilidade de implantação de um sistema de captura, e consultoria ambiental voltada ao controle de emissões. A empresa teve uma receita de R$ 570 mil no ano passado e deve replicar o valor em 2024, segundo Flávio Pietrobon Costa.
Ventos a favor
O fato de o Brasil estar à frente do G20 (grupo que reúne 19 países e os blocos da União Europeia e da União Africana para discutir questões econômicas mundiais) e se preparando para sediar a COP 30 (Conferência das Partes, convenção anual criada pela ONU para discutir soluções que visam diminuir a emissão dos gases de efeito estufa), em Belém (PA), em 2025, posiciona a DeCARB no epicentro de um dos principais temas atuais: a descarbonização.
“Este é um momento extremamente importante, ainda mais porque estamos focados em captura diretamente das fontes industriais, o que pode reduzir bastante as emissões escopo 1 [aquelas liberadas na atmosfera como resultado direto da própria empresa] desses setores. A indústria tem inúmeros departamentos e se concentra nos seus produtos e processos. Ter uma startup como a DeCARB como parceira, que possui toda sua operação voltada para tecnologia de redução das emissões de carbono, é um passo estratégico na agenda climática para atingir as metas de carbono neutro”, afirma Allana Vieira, cofundadora e COO.
Os fundadores da DeCARB consideram que a empresa está muito bem-posicionada, porque traz bagagem histórica dentro do tema sustentabilidade, que remonta os tempos de RECICLI, há 19 anos. Ficar entre as 100 Startups to Watch, por isso mesmo, foi bastante celebrado. “Essa visibilidade para o mercado é importante e atrai clientes. Para nós, gerou resultados e conexões relevantes. Ficamos felizes e empresarialmente realizados”, diz Paulo Pietrobon.
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