Quais são os Objetivos do Desenvolvimento Interior (ODI)? Por que eles importam?
Lançado em 2022, os Objetivos de Desenvolvimento Interior (ODI) mapeiam as competências que os indivíduos precisam fortalecer para contribuir com a prática dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Saiba quais são:
Em 2015, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU proporcionaram-nos um plano abrangente para um mundo sustentável até 2030. Uma agenda mundial para a construção e implementação de políticas públicas que visam guiar a humanidade até 2030.
O ponto de partida para a iniciativa focada em desenvolvimento interior (IDG em inglês) foi a reflexão de que o ODS fornece objetivos e uma visão do que precisa acontecer, mas o progresso em direção a essa visão tem sido decepcionante até o momento, porque nos falta a capacidade interna para lidar com o nosso ambiente e desafios cada vez mais complexos.
Os Objetivos de Desenvolvimento Interior (ODI) são uma estrutura lançada em 2022 para apoiar o alcance dos ODS. Não é uma discussão de um ou outro, mas uma polaridade importante de navegar na complexidade que vivemos: SER e FAZER.
Os IDGs, ou ODIs, mapeiam quais as capacidades, qualidades ou competências que precisamos promover entre indivíduos, grupos e organizações que desempenham papéis cruciais no trabalho para cumprir os ODS. Envolve uma série de habilidades cognitivas e emocionais.
Aqui ainda estão em âmbito de objetivos, sabendo que processos de desenvolvimento não se limitam a lógica de objetivos, essa linguagem de desenvolvimento vem ocupando uma posição hegemônica e busca construir um campo que não dialoga com outras formas de viver ou ver o mundo. Gosto de olhar ambos (ODS e ODI) como componentes de um campo maior da sustentabilidade que se propõe debater regras e lógicas que se desenvolvem em torno do futuro da humanidade, trazendo para mesa atores importantes que normalmente não estão presentes na construção dos objetivos de desenvolvimento.
Como não podemos avançar em nada sem olhar o componente humano, os Objetivos de Desenvolvimento Interior trazem para discussão habilidades que foram divididas em 5 categorias. Essas categorias estão sendo revisadas e afinadas através de uma pesquisa global que indico ao final.
E o que isso tem a ver com o setor de impacto sócio ambiental? Acredito que a mudança precisa acontecer fora, mas também precisa acontecer dentro, inclusive dentro de cada um de nós.
Não é possível seguir fazendo melhor o que fazemos. Em 20 anos de atuação no setor, evoluímos, mas não transformamos. Agora o transformar está relacionado com olhar com cuidado as linguagens que estão postas, mas não se limitar a elas. Não estou aqui para criar uma disputa de campos, mas para refletir como avançamos em um novo fazer sem sucumbir ao campo que tem mais poder.
Existem aberturas para que como líderes e organizações trabalhemos as diferentes dimensões do desenvolvimento.
Kaithin Frost e Chris Corring trabalham bem essa integração através da lente sistêmica. Trago aqui uma tradução dos campos que integram no seu trabalho e que tomo como base:
O sistema interno está relacionado às condições internas da liderança, das pessoas (dialogando com objetivos do desenvolvimento interno), já o externo está relacionado as iterações ou mesmo intervenções (dialogando aqui com desenvolvimento sustentável) e ainda traz o elemento do engajamento (que está no ambiente das perspectivas, do diálogo, do sensemaking e da colaboração).
Precisamos dialogar com desenvolvimento, mas imaginar além.
Com esse olhar crítico, trago um início de diálogo que não tem nada de novo, mas uma busca de ampliar uma visão sobre a nossa forma de atuar.
Nos últimos anos, também estamos cada vez mais lidando com problemas mais complexos, com a sensação de que o que sabemos ou achamos que sabemos não nos serve mais. Um olhar para nossas capacidades individuais e coletivas precisa ser aspectos centrais do nosso olhar, planejar e fazer.
Precisamos agir agora para co-criarmos o mundo que queremos.