Principais resultados do Estudo “Retrato das ONGs da Amazônia”

No cenário contemporâneo, a preocupação com a preservação da Amazônia ganha destaque global. Nos últimos anos, a região vivenciou o pior desmatamento em uma década, revelando a urgente necessidade de ações estruturantes e transversais, incluindo projetos de educação e salvaguarda. Contudo, qual é o papel das ONGs e empreendedores sociais neste contexto?


A pesquisa “Retrato ONGs da Amazônia”, realizada no âmbito do programa Inovação Social para a Amazônia (Social Innovation Program for Amazon – SIPA), proporciona insights valiosos sobre essa questão. A Amazônia Legal, abrangendo uma vastidão de terras, abriga mais de 100.000 ONGs, de acordo com o Mapa das ONGs (IPEA). Estas organizações desempenham funções vitais na educação e proteção da floresta amazônica, com muitas delas focando em comunidades indígenas e populações ribeirinhas, pessoas em situações de extrema vulnerabilidade.


E quais são as principais descobertas do estudo?


Das 87 organizações mapeadas, 69 têm sede na Amazônia Legal. Um aspecto notável é que a maioria dessas ONGs emprega um número menor de pessoas remuneradas, indicando possíveis limitações financeiras.

Enquanto mais de 72% das ONGs fora da Amazônia Legal possuem um plano estruturado de captação de recursos, mais da metade das ONGs sediadas na Amazônia Legal não possuem tal preparação, revelando uma disparidade na maturidade organizacional.

ONGs na Amazônia Legal dependem majoritariamente de recursos próprios e, em segundo lugar, de editais e convênios. Por outro lado, doações de empresas e indivíduos são mais comuns para ONGs com sede fora da Amazônia Legal, que também apresentam maior diversidade em suas fontes de captação.

A pesquisa “Pequenas ONGs e a captação via editais” apresenta um olhar mais aprofundado sobre a dependência de editais. Ao analisar exclusivamente ONGs da Amazônia Legal, foi observado que 61% delas captaram recursos por meio de editais nos últimos dois anos. Alarmantemente, mais de 52% dessas ONGs dependem significativamente de editais, com captações representando entre 50% a mais de 70% de seus orçamentos anuais. Esta alta dependência sugere uma vulnerabilidade quanto à diversificação de fontes de receita.

Em resposta a estes desafios, a Phomenta criou o projeto SIPA, que visa a capacitação on-line de 100 empreendedores de ONGs e projetos sociais na Amazônia. O programa, realizado entre março e setembro de 2023, incluiu módulos de captação de recursos e comunicação, além de mentoria individual para 10 empreendedores selecionados. A iniciativa também buscou combater a desinformação com uma campanha de comunicação em defesa da Amazônia.

Por fim, a pesquisa “Retrato ONGs da Amazônia” lança luz sobre a fundamental contribuição das ONGs na proteção da Amazônia e os desafios financeiros e organizacionais que organizações do terceiro setor do Brasil profundo enfrentam. 

Para garantir a preservação da região e o bem-estar de suas comunidades, é essencial fortalecer e apoiar essas organizações, diversificando fontes de financiamento e ampliando capacidades.

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