O que a Gestão de Pessoas tem a ver com o Bem-Estar no Terceiro Setor? 1/ 6

Se tem uma coisa que tenho acreditado fortemente quando penso no bem-estar dos agentes de mudança no terceiro setor, é de como isso está intimamente ligado à área de Gestão de Pessoas. Ou seja, cada fator que define e impacta minha forma de atuação profissional dentro de uma ONG tem a ver com meu bem-estar.


Perguntas como: Quantas horas eu trabalho em uma semana? Há flexibilidade, para atender minhas demandas pessoais? Sou bem remunerado? Tenho perspectiva de crescimento profissional? Há eventos pensados em descontrair a equipe? Há trabalho em equipe? São questionamentos que trazem muitas informações sobre como temos sido afetados positivamente ou negativamente por nossas horas de trabalho.


Neste momento é que relembro que, a saúde mental é responsabilidade de cada um, porém, se o lugar onde escolhemos passar a maior parte do nosso tempo, se disponibilizar a pensar maneiras de tornar esse ambiente um ótimo lugar a se trabalhar, haverá multiplicação exponencial dos resultados, tanto dentro, quanto fora da instituição.


Por esses motivos, esse texto dá início a uma série, com mais 5 artigos que virão em sequência, sobre aspectos que envolvem a Gestão de Pessoas e de como cada um deles pode fazer diferença em nossos ambientes de trabalho. Nele abordaremos temas como:


. Diversidade, inclusão e atração 

. Treinamento, formação e plano de carreira

. Remuneração e benefícios

. Trabalho em equipe

. Planejamento, relatórios e ferramentas.


Em meio as minhas leituras sobre esse tema, que tanto me identifico, encontrei eco nas palavras de Sophia Maggi Góes e a equipe do Instituto ACP, idealizadores do livro “Cuidar de quem cuida”, lançado em 2022, que após várias reflexões e pesquisas, compartilharam seus achados preciosos, nesta publicação que traz luz a esta área tão carente de informação e apoio especializado.

Outro material, também do Instituto ACP e do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – é o Guia de Gestão de Pessoas do Terceiro Setor, dividido em 4 módulos, e que contempla as particularidades da tomada de decisão em vários tópicos, nesta área com tantas peculiaridades.



Sabemos que, na prática, e essas publicações também comprovam, que na maioria das organizações sociais não existe um departamento específico para a Gestão de Pessoas. Aliás, não existe sequer um profissional dedicado exclusivamente a isso. Dessa forma, a maioria das decisões administrativas ficam centralizadas na mão de um gestor, e sua equipe de diretoria, que dependendo do estilo de gestão (e sua disponibilidade para inovação) irão definir a forma de lidar com seus colaboradores e a história que construirão com cada um.


Em minha história com as ONGs conheci inúmeros gestores que a afirmação “a compreensão das necessidades dos funcionários é a chave para a criação de uma organização de alto desempenho” – citada no livro de Richard Barret, ‘A organização dirigida por valores’ – é simplesmente inconcebível, afinal, acreditam que as necessidades dos atendidos pela instituição são o auge das prioridades. 


Sim, e realmente são. Mas, a ponto de negligenciar o bem-estar dos que dão vida a esse trabalho? Nesse ponto Sophia Góes nos chama a atenção: “Se o cuidado está em voga, cuidar das pessoas que compõem essas organizações deveria ser premissa fundamental”.


Há o caso de instituições que não o fazem por falta de informação, e formação, contudo, há aquelas que não efetivam melhorias nesta área por resistência à mudança. E eu diria mais, por falta de autoconhecimento. Por não reconhecerem seus preconceitos, crenças limitantes e padrões de comportamento.


Então, para mergulharmos ainda mais nesse assunto, meu convite é para que você venha comigo e repensemos juntos a relação de trabalho tão complexa que é a do Terceiro Setor.

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