Marca mineira especializada em bolos de pão de queijo une gastronomia e poesia | Mulheres Empreendedoras
ECom uma combinação de ingredientes e palavras, Fabiana Martins, 38 anos, criou a Polvilha. O pequeno negócio situado na cidade de Belo Horizonte (MG) é especializado na produção caseira de bolos de pão de queijo, contando atualmente com quatro sabores no cardápio: tradicional, goiabada, doce de leite e linguiça. Além da receita autoral, outro diferencial da loja é que, junto à iguaria, o cliente recebe poesias e textos escritos pela própria mineira.
Durante muitos anos, Martins trabalhou nas áreas de moda e branding, tendo a culinária como um hobby e a cozinha como um espaço de afeto com a mãe e as avós. A virada de chave para que ela empreendesse no nicho se deu quando notou que poderia aproveitar o sucesso de suas receitas entre todos que conhecia – em especial, a de bolo de pão de queijo, que aprendeu a fazer após assistir a um programa de TV e adaptar a receita com base nos ensinamentos de suas familiares.
“Eu estava muito desgastada de estar no mercado da moda. Quando eu vi na televisão uma receita de bolo de pão de queijo, peguei o caderno de receitas das minhas avós, comecei a ler e a testar as receitas. Levei o bolo para algumas amigas do trabalho e o pessoal começou a gostar”, explica a fundadora.
Anteriormente, em 2016, a belo-horizontina já havia tentando empreender com uma loja de bolos caseiros, junto de uma amiga. A empreitada, porém, não foi adiante. “No início foi o maior sucessor. Só que [manter] a sociedade é complicado e resolvemos encerrar a loja. Foi quando eu fiquei afastada da cozinha e passei a me aprofundar no universo do branding”, conta.
Em 2024, após seis anos trabalhando como estrategista de grandes corporações, Martins viveu um episódio com sua avó paterna que a fez decidir se aventurar de novo no empreendedorismo gastronômico. “Depois de muito tempo sem se lembrar da gente [por estar com a saúde física e mental debilitada], ela teve um momento de recuperação. Minha avó ficou consciente e me perguntou assim: ‘Minha filha, cadê os seus bolos? Eu acho que você deveria voltar a fazer, era um sucesso’”, detalha a mineira.
Em maio, com um investimento inicial de R$ 50 mil, a empreendedora fundou a Polvilha, um negócio especializado na produção de bolos de pão de queijo. A marca atua apenas com entregas via delivery, sem um espaço físico para consumo, e atende pedidos às sextas-feiras. Com uma média de 60 unidades vendidas por dia de operação, o faturamento hoje chega a aproximadamente R$ 12 mil por mês. A projeção é aumentar a receita mensal para R$ 50 mil até o final desse ano.
“Tem dois lugares que eu falo que são os meus locais para expressar minha criatividade, que é a cozinha e a escrita. Então eu escrevo textos e poesias que estão ligados à cozinha. Eu conto histórias da minha mãe e das minhas avós, faço um cartão e envio as poesias juntas aos bolos. Aí a pessoa compra pela primeira vez e depois pede novamente para presentear alguém”, diz.
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Segundo Martins, a poesia faz parte de seu processo de cura, como uma forma de rememorar as lembranças de sua mãe e avó materna, que faleceram quando ela tinha 16 e 26 anos, respectivamente. “Eu escrevo quase todos os dias. Escrever é uma forma de não perder a memória do que aconteceu e do que eu vivi com elas, pois a memória vai ficando diluída. Cozinhar e escrever sobre as coisas que a gente viveu é uma forma de me reconectar com elas”, reforça a mineira.
Para o futuro, a empreendedora pensa em estruturar a Polvilha em um sistema de franquias. Mas, antes disso, ainda em 2024, considerar usar cozinhas temporárias para produzir algumas fornadas em outros estados, como SP e RJ, para disseminar o propósito da marca. “O foco é manter o delivery até eu conseguir entender melhor o mercado e as demandas. Atualmente faço entregas em Belo Horizonte e demais cidades da região metropolitana”, encerra.