Liderança Social. O que é? Como ser um líder social?
Tenho parado para meditar sobre liderança nestes últimos tempos. Atuar no terceiro setor, principalmente nas OSCs de pequeno e médio portes, como diz meu marido: não é para amadores. Digo isto porque para nós, líderes, empreendedores, responsáveis legais pelas OSCs, estamos a todo instante tentando
apagar incêndio sobretudo na questão financeira. Este é um dos principais motivos relatados pelos líderes sociais. Desde que participei, em 2020, da aceleração de Projetos na Phomenta, eu tive uma mudança de mentalidade. Ouvi em uma das aulas que o maior problema da OSC nem sempre é financeiro, mas a falta de planejamento, liderança e gestão de pessoas. Lembro que conversamos por muito tempo na aula sobre quais estratégias utilizamos para fazer as pessoas crescerem. De modo geral, estamos tão preocupados em trazer recursos para a OSC, afinal os boletos sempre vencem, mas pouco pensamos em como cuidar ou cuidarmos uns dos outros para que haja maiores resultados na OSC.
Eu, de verdade, nunca pensei em liderar. Fui uma criança mais retraída e que não acreditava no meu potencial. Quando cheguei aos projetos da OSC que faço parte, a Associação Ação Vida em 2002, me chamaram para ser tipo uma “mentora” das crianças. Eu, em meio aos meus 18 anos, nem sabia o que era isso. Falaram-me que eu deveria me sentar e ouvir as crianças e adolescentes e depois dar um “fechamento” naquele momento. Entendi depois que estávamos falando de rodas de conversa. Fiz isto por dois anos. Confesso que pensei em desistir, mas depois fui me identificando e gostando. Os adolescentes me procuravam com liberdade para falar sobre as dificuldades de sua vida, mas também dos seus sonhos. Isso mexeu muito comigo. Eu ficava pensando como poderia ser influência na vida deles para cooperar com esta mudança, sendo que, na verdade, já estava fazendo isso, ouvindo-os. Então chego a uma compreensão de que LIDERANÇA é levar as pessoas de um ponto a outro. Portanto, a liderança deve ser sempre dinâmica e jamais estática (cumprimento de agenda apenas). É claro que existem diversos tipos de líderes: autocratas, carismáticos, democratas, influenciadores, motivadores, estratégicos, operacionais, etc. E todos estes são fundamentais para o crescimento de uma OSC. Bem, não temos todos esses perfis em uma pessoa só, mas trabalhamos com pessoas diversas e o que nos une enquanto humanidade é esta diversidade. Por isso que como líderes temos também este privilégio de ajudar pessoas a exteriorizarem as suas competências.
Quanto tempo você e eu dedicamos para que isto aconteça na OSC? As nossas reuniões são sempre com foco em resultados numéricos? Eles são importantes, claro que sim, mas atrás de números existem pessoas. Lembrem-se disto. Importante trabalhar os dois juntos. Que tom e que peso tem as reuniões da governança, socioeducativas e outras?
Liderar é levar as pessoas de um ponto a outro. A que ponto temos levado nossos liderados? Ao desespero e desejo tal de saírem da OSC, ou a ponto de se engajarem com total autonomia visando o crescimento de todos? Utopia? Parece né, mas eu acredito nisso, ou então prefiro sair do terceiro setor e ingressar no segundo ou primeiro. Você já percebeu que aos poucos e, porque não dizer, com muita força estamos perdendo a identidade do terceiro setor? Faça uma reflexão.
Liderar é ajudar pessoas, causas, situações. Claro que demanda conhecimento, aprendizado, resultados. Jamais faria apologia contra; porém, liderar no terceiro setor tem outro viés: pessoas e causas são mais importantes.
E, talvez, aquele resultado que está ou estamos esperando acontecer na OSC não vem, porque ainda não damos total atenção a percebermos que tipo de líderes somos e refletimos aos nossos liderados.