Irmãs transformam blog em marca de moda artesanal que cobra até R$ 3,6 mil por peça | Mulheres Empreendedoras

Um hobby que virou negócio. É assim que Bianca Inglesis, 35 anos, define o início da marca de moda autoral que fundou com a irmã, Fernanda Inglesis, 32. Cerca de 12 anos após a criação do projeto, que começou como um blog e bombou com vendas de camisetas, a empresa batizada com o sobrenome das empreendedoras atinge faturamento de R$ 2 milhões ao ano e conta com peças vendidas a mais de R$ 3,6 mil cada uma.

A ideia de negócio foi construída aos poucos. As primeiras sementes do que viria a se tornar a Inglesis foram plantadas em 2012, quando Bianca criou o Superfluous, blog de lifestyle. A marca, que inicialmente levou o nome do site, logo se tornou um e-commerce de acessórios.

Formada em moda, Fernanda abraçou o projeto da irmã com o objetivo de desenvolver as próprias peças para serem vendidas no site e, 2016, decidiu expandir o portfólio para roupas. Com investimento inicial de cerca de R$ 5 mil proveniente das vendas dos acessórios, as irmãs produziram as primeiras camisetas autorais da marca. Na época, Fernanda morava em Londres, na Inglaterra, e produzia todos os itens de lá.

“Eu comprava os tecidos, costurava em casa e mandava para o Brasil na mala de amigos. Colocamos no site como se tivéssemos uma produção, mas eram poucas unidades”, conta Fernanda. Havia em média três exemplares de cada modelo, e as irmãs foram surpreendidas pela demanda dos primeiros produtos lançados. Listas de espera foram formadas no site. Para suprir a busca, uma costureira brasileira começou a apoiar a produção, que teve mais de 100 peças vendidas nas primeiras semanas.

Camiseta Aurora, que impulsionou o início da marca — Foto: Divulgação
Camiseta Aurora, que impulsionou o início da marca — Foto: Divulgação

Cerca de seis meses após o início das vendas, Fernanda retornou ao Brasil e toda a confecção passou a ser feita em território nacional. Com o objetivo de manter a produção inteiramente artesanal, a marca adotou o trabalho em pequenas quantidades, que hoje conta com o apoio de seis pequenas oficinas e costureiras independentes.

Após os primeiros anos com atuação apenas no digital, no final de 2019 as empresárias estruturaram o primeiro projeto de loja física, a pedido de consumidoras que queriam conhecer de perto os tecidos antes da compra. O espaço foi inaugurado em 2020, em São Paulo. A pandemia desacelerou a procura da clientela pelo espaço físico, que começou a crescer gradualmente nos anos seguintes. Neste ano, a loja migrou para um novo espaço, em modelo flagship. Com foco em um atendimento mais próximo ao consumidor, a loja recebe cerca de 150 visitantes por mês.

Rebranding e novos estratégias

Depois de 10 anos como Superfluous, em 2022, a marca passou por um processo de rebranding e adotou o sobrenome das irmãs como nome do negócio. De acordo com as empresárias, a mudança partiu do desejo de contar como uma identidade mais representativa para o mercado. “Vimos que o nome não estava andando de mãos dados com o que estávamos desenvolvendo, era uma antítese. Nosso trabalho era de algo feito à mão, e, como moda autoral, fazia sentido trazer nosso sobrenome”, diz Fernanda.

O propósito de reconexão da marca com a própria identidade também levou as empreendedoras a mudar outros planos estratégicos da empesa. Em 2024, depois de cerca de três anos de trabalho no atacado para lojas multimarcas, em uma busca por expansão da presença da marca no Brasil, as irmãs passaram a sentir pressão para que as criações estivessem alinhadas com expectativas de mercado que impediam parte da liberdade e essência do negócio.

Antes lançadas duas vezes ao ano, com meses de antecedência para compra dos revendedores, as coleções serão concebidas em um novo formato a partir de 2025. As chamadas coleções-capsulas preveem uma rotatividade maior ao ano, com menores quantidades de cada item e pronta-entrega para o atacado. A marca também prevê intensificar o número de collabs com outras marcas e influenciadores digitais.

A marca atingiu R$ 2 milhões de faturamento em 2023, com projeção de crescer 50% em 2024. Com a mudança nas coleções, as irmãs esperam conseguir preços mais atrativos para o cliente final e aumentar a demanda no varejo.

Com foco em promover moda artesanal e sustentável, a marca comercializa atualmente peças que variam de R$ 75, em preço promocional, a R$ 3.680. No varejo, são vendidas cerca de 175 peças por mês, com vendas centradas nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro.

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