Empreendedores criam marca de sandálias com solado de cortiça e faturam R$ 1 milhão | Ideias de negócios

João Henrique Tucci, 40 anos, já possuía uma empresa de calçados quando teve a ideia de fabricar sandálias com palmilhas de cortiça. “A ideia era tão diferente e inovadora que merecia um nome exclusivo”, afirma. Com Guilherme Chacra Villela, 46, fundou a Le Cork, que utiliza a cortiça de Portugal, mas realiza o resto da produção no Brasil. No ano passado, a empresa faturou R$ 1 milhão — metade das vendas foram por e-commerce e a outra parte por meio de revendedores. A expectativa é faturar R$ 2 milhões neste ano.

O empreendedor explica que a produção da cortiça é 100% renovável. “Nossa cortiça é extraída pela primeira vez após 25 anos do plantio do sobreiro [árvore da família do carvalho]. Após 9 anos do primeiro descortiçamento, uma nova cortiça se regenera permitindo outra extração. A árvore do sobreiro permanece de pé, retirando carbono da atmosfera, e vive por centenas de anos”, explica. “Após ser extraída, a cortiça é primeiramente utilizada para produção de rolhas de vinho. O material que sobra é triturado e e utilizado para produção das palmilhas.”

Nascido na cidade de São Paulo, Tucci é ex-executivo — atuou no marketing de empresas como Unilever e Nestlé —, mas sempre soube que gostaria de ser empreendedor. Mudou-se para Riviera de São Lourenço, litoral do estado, em busca de uma melhor qualidade de vida. Lá, comanda a loja de calçados Samburá desde 2015.

“Vimos que produtos mais naturais tinham um apelo na cidade. Eu já conhecia o uso de cortiça para sapatos e pensei que seria bacana ter uma sandália com esse material”, afirma. “A cortiça tem algumas características muito interessantes, como o conforto. Quando a pessoa pisa, a sola de cortiça absorve esse impacto e se molda ao pé.”

Sandália da Le Cork — Foto: Divulgação
Sandália da Le Cork — Foto: Divulgação

O empreendedor passou a pesquisar opções de fabricantes de cortiça. “O maior desafio é não encontrar este material no Brasil. Sabia que as melhores cortiças estariam em Portugal e que seria um grande esforço importá-los”, afirma Tucci. Ele conta que passou a conversar com fabricantes internacionais. “Por meio da internet, encontramos uma empresa parceira para desenvolver a palmilha. Eles nos mandavam por correio para que fizéssemos testes de produção no Brasil.”

O ano de 2022 foi dedicado a testes de produto. O problema, porém, é que para ter um preço competitivo, a margem de lucro da empresa ainda estava baixa. “Tivemos que ir em busca de outro fabricante brasileiro para que nosso negócio fizesse sentido. Conseguimos encontrar com que estamos trabalhando até hoje.”

Em outubro daquele ano, com um resultado satisfatório, os empreendedores começaram a fazer vendas para amigos e familiares, assim como na Samburá e na loja de roupas de Villela. “Eram pequenas vendas para entender se tinha aderência de mercado. Tivemos uma resposta positiva do público”, diz Tucci.

A estratégia foi abrir um e-commerce, mas também apostar em empresas revendedoras. “Por meio de contatos que já tinhamos no setor de moda, conseguimos trabalhar com bons parceiros desde o início, o que nos deu um bom volume de vendas”, afirma. “Apostamos em vender para lojas de moda premium ou que trabalhavam com peças confortáveis.”

Para divulgar ao cliente final, a empresa apostou em marketing nas redes sociais, incluindo postagens que focavam no conforto e sustentabilidade dos sapatos. “Outras marcas vendem sapatos parecidos com o nosso, mas temos o diferencial da tecnologia da cortiça. Batemos muito nessa tecla para alcançar nosso público-alvo, formado por pessoas que veem valor em matéria-prima natural.”

Neste ano, a empresa também inaugurou um centro de distribuição para facilitar o armazenamento e o envio de produtos a pronta-entrega. “Estamos aprimorando nossos processos, comprando mais insumos para aumentar nossa produção. Também aumentamos o volume de palmilhas importadas, o que diminui o custo de importação e aumenta nossa margem de lucro”, explica.

A empresa pretende abrir uma loja própria em 2025, na cidade de São Paulo. “Essa abertura, aliada a continuidade do foco nos revendedores, deve triplicar nosso faturamento no ano que vem”, afirma. O empreendedor também avalia criar uma oficina para que os clientes atualizem seus produtos. “Pensamos no caso de consumidores que já usaram muito o item e querem trocar alguma parte, mas manter a palmilha, que já tem o formato do pé. Então, pensamos em criar uma oficina de renovação.”

Source link