Empreendedora aposta em design de objetos em miniatura e fatura R$ 300 mil ao ano
Paty Fernandes é a criadora da marca aMenorLojaDoMundo. Produção já contempla atacado e exportação Foi nas miniaturas que Paty Fernandes encontrou inspiração para fundar seu negócio, aMenorLojaDoMundo. Com formações em biologia e arquitetura, a artista mudou o rumo profissional e transformou paixões e memórias de infância em peças diminutas que buscam mescar delicadeza e criatividade.
A loja começou em 2015 em um pequeno corredor de 1,70 m x 3 m no bairro dos Jardins, na sul de São Paulo, funcionando apenas às sextas-feiras e aos sábados. Foi lá que a marca se tornou referência em miniaturas. Hoje, Fernandes opera no bairro de Perdizes, na zona oeste da capital, onde atende apenas com hora marcada para conciliar o contato direto com os clientes e o foco na criação.
Antes de se dedicar ao ateliê, a empreendedora trabalhou como arquiteta, desenvolvendo projetos residenciais e corporativos. Em 2010, abriu a loja HocDie Design com um sócio, em que produziam móveis e peças grandes.
Foi em 2015 que decidiu mudar radicalmente sua abordagem e seu estilo de vida ao abrir a primeira versão do que viria a ser aMenorLojaDoMundo. “Queria uma expressão mais romântica, poética e autoral. Sempre gostei de brincar com significados e criar novas interpretações”, afirma.
A loja temporária, no corredor de sua casa, funcionou até o início da pandemia, quando ela migrou para o e-commerce e, posteriormente, para o espaço atual. Apesar das mudanças de endereço e formato, o objetivo sempre foi o mesmo: oferecer peças únicas e em escala reduzida, muitas vezes inspiradas em frases ou lembranças pessoais.
Initial plugin text
Criações com alma
Paty Fernandes define seu trabalho como design poético. Seu processo criativo parte de expressões, memórias e elementos que ela adapta para gerar uma nova interpretação. Para isso, itens variados são transformados em obras de arte pequeninas.
“Nas peças únicas, não tenho preferência de material: uso xícaras, pratos, troncos de madeira, talheres, réguas, livros. ‘Subverto’ a função original e aplico elementos para criar um novo significado, com um pouco de poesia ou humor”, explica. Nas peças de atacado, o material mais utilizado é a chapa de latão com posterior banho de ouro, além de madeira reaproveitada.
Entre as criações icônicas estão as Doses de Poesia, colheres gravadas com palavras que evocam sentimentos como amor e coragem; e as séries de miniaturas que envolvem Estherzinha e Clovis, personagens inspirados nos pais da artista.
“Desde pequena, gosto de brincar com os significados de expressões — sempre pensava que o ‘Repórter Aéreo’ era uma pessoa distraída, por exemplo. Gosto de quebrar palavras e remontá-las. Esse quebrar e remontar permite abstrair seus significados originais e, com isso, criar peças que subvertem o sentido lógico, nos levando à uma nova interpretação”, defende.
Uma das colheres da coleção Doses de Poesia
Reprodução/site aMenorLojadoMundo
Expansão do negócio
Para crescer, a empreendedora passou a fazer parte de feiras e bazares para o consumidor final. Em 2024, participou da ABUP, feira de decoração dentro do Projeto Célula, da curadora Cris Rosenbaum. Lá, apresentou uma linha de peças para alto atacado, desenvolvidas em etapas seriadas, mas mantendo o cuidado artesanal.
A participação resultou na abertura de uma carteira com 30 novos clientes pelo Brasil e até mesmo na exportação de pequenas quantidades para Portugal. “Foi planejado. Desenvolvi peças que combinam técnicas como desenho manual, fotocorrosão, banho de ouro e pintura, mas de forma que possibilitem maior escala”, explica Fernandes.
Hoje, o atacado representa 80% do faturamento do negócio, enquanto a loja física e o e-commerce dividem os outros 20%. O tíquete médio é de R$ 300 e os valores das peças vão desde R$ 100, como a Estherzinha no Dedal, até R$ 2.1 mil por um cocar de ouro.
O que define a escala de produção mensal é o tamanho das peças. Geralmente, costumam ser 5 unidades de peças únicas, 20 unidades de peças de pequena escala, e até 600 unidades de peças de escala maior, a depender das demandas do atacado.
Com um portfólio de cerca de 350 itens, Fernandes não consegue mensurar com exatidão a quantidade de itens que já produziu devido à exclusividade de algumas peças. Mas todas têm algo em comum: uma pontinha autobiográfica de sua criadora.
“A maioria delas tem histórias, pois são resgates de memórias de infância, lembranças de família, amores, com declarações feitas e não feitas”, diz Fernandes.
Leia também
Expectativas para o futuro
Crescer sem perder a essência é o principal desejo da marca para o próximo ano. Ao fechar 2024 com um faturamento de R$ 300 mil, a ideia é aumentá-lo neste ano em, pelo menos, 50% — com expectativa de finalizar 2025 em R$450 mil.
Os planos incluem ainda ampliar o atacado e explorar a exportação, além de contratar um aprendiz para aumentar a produção. Atualmente, ela tem ajuda terceirizada para alguns procesos.
O que não deve aumentar é somente o tamanho das peças. “A questão do tamanho reduzido é como um resgate do meu olhar da infância. Lembro de mim, como os olhos na altura da mesa, observando as coisas ali apoiadas e criando meu próprio universo”, conclui.
Source link