Ela largou a advocacia após perder parte da audição e prevê faturar R$ 2 milhões no mercado de beleza de luxo | Mulheres Empreendedoras

Formada em direito e letras, Dayanne Moreira, 37 anos, precisou abrir mão da advocacia ao perceber que não conseguiria mais participar das rotinas do escritório. Natural de Anápolis (GO), ela foi diagnosticada com otosclerose, uma doença hereditária e degenerativa. Teve 80% da audição comprometida. “Chegou um momento que era muito difícil de me comunicar. Só conseguia fazer leitura labial de pessoas com quem estava acostumada a conviver. Participar de uma reunião, por exemplo, era impossível”.

Com somente dois anos de atuação no direito, precisou pensar em uma transição de carreira. Ajustou o foco e passou a mirar concursos públicos. Mudou-se para Santos e, em 2015, a aprovação veio para o cargo de analista do Ministério Público. No entanto, ainda não estava tudo resolvido. “Meu nome demorou muito para ser chamado. Era uma época em que eu e meu marido estávamos endividados. Por isso, precisava de um trabalho”.

Incentivada pela mãe, fez um curso de alongamento de cílios para obter uma renda de forma temporária no ramo de estética – área na qual ela sempre acreditou ter aptidão. “Eu gostava, e sempre era procurada por amigas. Então, levava jeito”. Para começar, investiu R$ 250 na compra de uma maca e uma cadeira usadas, anunciadas em uma plataforma virtual.

Os primeiros atendimentos começaram em fevereiro de 2017, na quitinete em que ela e o marido moravam na Baixada Santista. Com pouco tempo, o negócio deu os primeiros sinais de que daria certo. Dois meses depois de começar a atender, Moreira já tinha lista de espera. “Foi quando me encontrei profissionalmente. E, para ser honesta, nunca mais fui atrás para saber se fui ou não chamada no concurso”.

No primeiro ano de funcionamento, a empreendedora conta ter faturado cerca R$ 270 mil com alongamento de cílios. Em 2019, ela já comandava seis clínicas espalhadas nos estados de São Paulo e Goiás que ofereciam o serviço. Somado, o faturamento chegou a R$ 1 milhão.

Dayanne Moreira, fundadora da Òminna — Foto: Divulgação
Dayanne Moreira, fundadora da Òminna — Foto: Divulgação

O início da pandemia, no entanto, impôs um freio na operação. Sem ter como atender de forma presencial, precisou fechar o negócio. Moreira, então, investiu o tempo e a energia para ajudar outras mulheres que estavam em busca de renda. O curso online de alongamento de cílios já formou mais de 5 mil alunas. “Foi algo muito gratificante. Quase 100% das alunas estavam em processo de transição de carreira e eu me sentia muito bem em poder ajudar”.

Em dezembro do ano passado, a empresária decidiu dar outro grande passo e inaugurou a clínica de estética avançada Òminna, que oferece atendimento personalizado e uma experiência imersiva para os clientes. O carro-chefe é a nanopigmentação de sobrancelhas, uma técnica que garante maior naturalidade.

Nos primeiros sete meses de funcionamento, a empresa registrou um faturamento de R$ 1,2 milhão e a previsão é fechar 2024 com faturamento de R$ 2 milhões – recuperando o valor investido no negócio.

Além de diversificar os serviços, a empresária passou a focar em um público de alto padrão. Com isso, o tíquete médio passou de R$ 250 para R$ 1,4 mil. “O resultado nos surpreendeu. A gente construiu um oásis de mercado de luxo que já está se tornando referência. Hoje, estamos sendo procurados por outros profissionais interessados em conhecer mais nosso trabalho”.

O atendimento segue a lógica da jornada do cliente, pensado desde o primeiro até o último contato. A expectativa agora é abrir uma segunda unidade própria em 2025 na capital paulista. “Decidimos que é o melhor lugar para fazer investimento. É algo que vai acontecer, mas ainda está um pouco abstrato”.

Source link