Comprinha de última hora do lado de casa ganha espaço no varejo


Redes apostam no modelo de minimercado para abertura de novas lojas nas grandes cidades, com foco na conveniência Depois do boom dos atacarejos, com preços atraentes em períodos de inflação mais alta e orçamento mais apertado, grandes redes de supermercados têm apostado nos tradicionais minimercados. Nas ruas ou dentro de shoppings, hospitais e condomínios, as chamadas lojas de proximidade entregam conveniência aos consumidores enquanto o negócio se encaixa nas brechas de espaço das grandes cidades, cada vez mais verticalizadas.
Demandando pouco (ou quase nenhum) deslocamento — perto de casa, do trabalho, ou no caminho —, os minimercados ocupam uma fatia particular do consumo: compras de reposição ou para pequenas necessidades e emergências, como um ingrediente que falta na receita ou a fralda do bebê que acaba.
A busca por mais conveniência é reflexo de uma “folga” maior no orçamento, mas também de uma mudança no estilo de vida, tanto pessoal, como das cidades em si. É o que analisa Maurício Morgado, coordenador do Centro de Excelência em Varejo da FGV Eaesp.

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— É um movimento de “miniaturização” da cidade. Os imóveis estão menores, as pessoas têm pouco espaço de armazenamento e não têm carro para grandes deslocamentos — observa.
A capital e Região Metropolitana de São Paulo concentram a maior parte dos minimercados das grandes supermercadistas, mas há espaço para crescimento em outras regiões, diz João Edson Gravata, diretor executivo de Supermercados e Conveniência do Carrefour.
Das 1.041 lojas do grupo no país — que também inclui as operações Atacadão e Sam’s Club —, 173 são da bandeira Express. As lojas ficam tanto nas ruas quanto em empresas, shoppings e até hospitais, além de 30 unidades autônomas dentro de condomínios.
— É um formato que se adapta a regiões de alto fluxo de pessoas e foi, ao longo do tempo, refinando sua proposta de valor. Tem crescido e entendemos que há bastante espaço para isso — opina.
A Cencosud, dona também do Prezunic, trouxe para o Rio o modelo Spid em 2021, e tem dez lojas em bairros como Barra da Tijuca, Recreio, Ipanema, Glória, Méier e Centro, além de uma unidade dentro do metrô, na estação Carioca.
O Grupo Pão de Açúcar tem duas bandeiras de proximidade. O Mini Extra fica em bairros de classe média. Já o Minuto Pão de Açúcar tem uma proposta premium, em bairros de classes A e B, e é o foco da empresa para expansão do modelo. Juntas, as duas marcas somam 333 unidades, num total de 701 de todo o grupo.
No último ano, o GPA abriu 51 lojas, 47 delas no formato de proximidade. Só entre abril e junho, foram 10 unidades, sendo 6 Minuto Pão de Açúcar e 3 Mini Extra, e a expectativa é inaugurar outras 40 até dezembro, principalmente na Baixada Santista e cidades do interior de São Paulo, como Campinas e Araraquara.
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Equipes multifunção
Frederic Garcia, diretor executivo de Proximidade do GPA, diz que o investimento nos minimercados se justifica na evolução imobiliária das cidades, principalmente aquelas com alta densidade populacional:
— Em Paris, são 2 milhões de habitantes e a bandeira Franprix (do grupo Casino, acionista do GPA) tem mais de mil lojas de proximidade. Vemos um potencial gigantesco em São Paulo (que tem 11 milhões de pessoas).
Nos mercados de proximidade, as lojas são mais compactas, com maior rotatividade de produtos, já que o estoque é reduzido. Além disso, o mix de marcas tende a ser menor. A exceção, explica Gravata, do Carrefour, fica para alguns tipos de produtos muito ligados à conveniência, como bebidas geladas e sorvetes.
As equipes são reduzidas, formadas por funcionários multifunção, capacitados para operar em diferentes setores da loja, da caixa à reposição. E há ainda um foco em automação, com caixas de autoatendimento e até compra feita inteiramente por aplicativo, para otimizar o fluxo e agilizar o serviço para quem tem pressa.
Rodrigo Catani, sócio-diretor da Gouvêa Consulting, da Gouvêa Ecosystem, explica que as diferenças entre os minimercados e os estabelecimentos maiores não são apenas de sortimento, mas também de organização e até horário de funcionamento, que pode ter uma dinâmica diferente se estiver numa área residencial ou de maior incidência de empresas, por exemplo.
— No Brasil, a loja de conveniência ficou muito associada ao posto de gasolina, mas acredito que é uma tendência para os próximos anos principalmente com mercados investindo nos food service, com lanches, pratos prontos, sanduíches e até micro-ondas. Já vemos isso em algumas redes, como Oxxo e Hirota, em São Paulo — cita.

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