Autogestão no terceiro setor

Você já ouviu falar em
autogestão? Compreende seu funcionamento? É surpreendente a forma com que o cenário global passa por mudanças, exigindo, portanto, adaptações nos âmbitos ambientais, administrativos e organizacionais. Diante disso, é anti produtivo permanecer com mentalidades ancoradas no século passado e almejar inovação, sendo que este paradigma se aplica também à governança organizacional.

 

Neste sentido, como nós, do terceiro setor, então, podemos adotar metodologias e mecanismos,
gerando impacto de uma forma mais inovadora e transparente? Siga conosco e leia o conteúdo na íntegra!



Gestão tradicional e autogestão: entenda as diferenças chave!

Na gestão tradicional, é comum que as preocupações dos colaboradores sejam encaminhadas aos superiores ou a chefia imediata, para que as repassem a níveis mais elevados de comando. Desse modo, tal processo resulta em tomadas de decisões centralizadas no topo da hierarquia, desconectadas das realidades das bases.

Em contrapartida,
a autogestão propõe a descentralização das responsabilidades
organizacionais. Ou seja, isso significa que os indivíduos ou equipes têm maior autonomia para gerenciar suas tarefas, projetos e até mesmo definir suas diretrizes de trabalho.

Sob a perspectiva
sociocrática, holocrática, ou nos moldes da
organização orgânica
(O²), a estrutura se fundamenta em círculos e papéis, onde cada indivíduo detém autoridade para deliberar sobre assuntos relacionados ao seu papel ou ao propósito do círculo que faz parte. 

Neste contexto, os colaboradores identificam discrepâncias entre a situação atual e a ideal, denominadas “tensões”. Tais tensões são compartilhadas nos círculos, que desenvolvem estratégias para sua resolução. Dessa forma, os círculos se alinham e se complementam, formando uma
estrutura organizacional dinâmica, saudável e segura. O poder não é dado às pessoas ou cargos, mas aos papéis e círculos (via “O que é autogestão”, Sociocracia Brasil no YouTube).

A autogestão ajudando no bem-estar

Um estudo promovido pelo Portal de Impacto na saúde mental revela que mais da metade dos entrevistados (55%) demonstra preocupações substanciais em relação à sua saúde mental e bem-estar.

  • Os resultados indicam uma conexão clara entre a precariedade da
    saúde mental e a insatisfação no trabalho.
  • Entre os principais fatores estressantes estão as demandas e tarefas excessivas.
  • O engajamento e comprometimento são naturais em atividades relacionadas a causas nas quais se acredita.

No entanto, quando a carga de trabalho não é distribuída, organizada e autogerida de forma equitativa, a situação se torna ainda mais desafiadora.

Se você ainda está se perguntando “beleza, mas e aí? Como podemos inovar por meio da autogestão para contribuir estrategicamente com nossa OSC e impactar positivamente na saúde mental e bem-estar dos colaboradores?” – vem comigo…

Influenciando a estrutura

Quando temos a oportunidade de influenciar a estrutura de uma organização sem depender de forma exclusiva das decisões de nossos superiores, podemos criar um ambiente mais saudável e colaborativo de forma segura. Embora as tensões sejam individuais, ao considerarmos a adaptação das estruturas, focamos no propósito da organização, o que torna o senso de co-construção mais evidente nessa dinâmica. 

Modificar as estruturas implica em criar políticas internas, propor novos papéis, excluir papéis, e descentralizar o poder, distribuindo as responsabilidades de forma mais eficiente.Todo esse movimento tem um impacto significativo na saúde e bem-estar dos colaboradores. Inicialmente, pode não ser percebido de imediato – mas ao longo do tempo, ao observarem as mudanças nas estruturas, as pessoas passam a enxergar o valor dessas alterações.

Organizações que adotam uma governança diferente do Mercado Tradicional

A
Buurtzorg
é uma organização na área da saúde, estabelecida em 2006, que introduziu um modelo de cuidados abrangentes liderados por enfermeiros, causando um impacto significativo nos serviços comunitários nos Países Baixos. A satisfação dos clientes alcança níveis sem precedentes dentro do setor de saúde. A dedicação e o contentamento da equipe se destacam, refletidos pelo reconhecimento consecutivo da Buurtzorg como o melhor empregador em 4 dos últimos 5 anos. 

Além disso, a organização obteve economias financeiras que impressionam. Um relatório da Ernst & Young registrou uma redução de aproximadamente 40% nos custos para o sistema de saúde holandês, enquanto um estudo de caso conduzido pela KPMG em 2012 corroborou esses resultados. E, ao citar a empresa Buurtzorg, é importante notar que eles adotam um modelo de gestão diferente do tradicional. Trata-se de um modelo colaborativo, no qual todas as pessoas envolvidas têm voz ativa em decisões estratégicas. Eles conseguem se organizar de forma conjunta e ainda assim ter um impacto significativo para os clientes e nos indicadores organizacionais.

A Phomenta vem adotando a Autogestão (O²) há 02 anos e, desde então, estamos em um
processo constante de transformação, com contínuo aprendizado interno em relação ao novo modelo de gestão. 

Os benefícios decorrentes desta nova prática têm demonstrado um impacto significativo para todos os envolvidos. Na última rodada trimestral de pesquisa de clima interna, constatamos que:

  •  91% dos phomenters concordam que a Autogestão traz benefícios para a empresa;
  •  9% mantiveram-se neutros, e não houve registro de nenhuma forma de discordância. 

Além disso, nossos índices de satisfação com as ONGs continuam elevados, com um NPS (Net Promoter Score) de 88.99 no ano de 2023 registrando um valor positivo. Diretamente, alcançamos mais de 350 ONGs e mais de 500 empreendedores, resultando em uma transformação não apenas na organização em si, mas também no território onde atuam e nas causas que defendem.

Autogestão no Brasil

No Brasil, algumas organizações reconhecem o valor dessa abordagem e estão adotando a Autogestão, ou seja, incorporando a perspectiva do pensamento Teal, que se baseia em
propósito evolutivo, autogestão e integralidade (visão do todo).

Em um mundo caótico, agitado e repleto de demandas como o atual, é comum nos sentirmos sobrecarregados e sem possibilidade de pedir ajuda a outras pessoas. 

Esse fenômeno pode ocorrer por diversos motivos, e quando temos a oportunidade de identificar as tensões individualmente e
alterar a estrutura, distribuindo o poder e promovendo mais conexão, criatividade e trabalho em equipe de maneira colaborativa, a sensação de pertencimento aumenta. Isso pode gerar mais união, coletivismo e alívio da sobrecarga.

“Pertencer é estar em um lugar onde você quer estar, e você sente que as pessoas querem que você esteja.” –  (Livro Atlas of The Heart, Brené Brown)

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