Após superar desafios regulatórios, deeptech do interior de SP quer se consolidar nos EUA e na Europa
Com 20 anos de história, a Nanox produz materiais antimicrobianos aplicados em diferentes setores e tem General Electric e Tramontina como clientes Nem sempre as startups criam produtos que são notados pelos consumidores finais. Este é o caso da Nanox, empresa fundada pelos empreendedores Gustavo Pagotto e Daniel Minozzi, que desenvolve nanotecnologia focada em soluções antimicrobianas que podem ser incorporadas em produtos de alimentação a construção civil.
Com 20 anos de atuação no Brasil, a deep tech tem oito patentes, em território nacional e no exterior. Aprovada pela Food and Drug Administration (FDA) e com licença — tirada em 2022 — da Environmental Protection Agency (EPA), dos Estados Unidos, a empresa pode não apenas exportar como também manufaturar as partículas no país norte-americano.
Os fundadores contam que esse processo foi longo e custoso, mas essencial para poder produzir e comercializar a tecnologia nos EUA. “É uma barreira não-alfandegária para proteger empresas locais. Quando você transpõe esse limite, entra em um grupo seleto de players e ganha autoridade no mercado”, destaca Pagotto, CEO da Nanox. Segundo os sócios, apesar de já atuar nos EUA e ter participado de feiras, a empresa ainda não tem clientes locais. A justificativa é o “ciclo de venda longo”.
A Nanox foi fundada em 2004, quando Pagotto e Minozzi estudavam Química e trabalhavam no laboratório da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Após conhecerem o programa de Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (Pipe), decidiram transformar o estudo em negócio. “Já fazíamos assessoria para algumas empresas. Abriu a nossa mente sobre fazer um trabalho mais tecnológico e menos científico. A gente sabia que não podia apoiar a empresa apenas na rede científica, precisava conectar com o mercado e as demandas”, conta Minozzi, CMO.
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O primeiro CNPJ da Nanox teve como endereço a casa onde os sócios moravam na época. Depois de aprovada no Pipe, a startup entrou para o ParqTec, incubadora da cidade que apoia projetos da Universidade de São Paulo (USP) e da UFScar. “Geralmente quem está na universidade tem dificuldade de mostrar a ideia, colocar à prova. A gente conseguiu fazer isso e foi validando. Um monte de coisa deu errado, mas, se não tivéssemos saído do laboratório e ouvido feedbacks de potenciais clientes em feiras, talvez tivesse sido bem mais lento”, pontua Pagotto.
Com mais de 65 SKUs desenvolvidos, o foco da Nanox está nas soluções antimicrobianas que podem ser usadas em metal, papel, plástico e vidro. Algumas das aplicações da nanotecnologia da deeptech incluem uso em laminados de madeira, o que traz maior durabilidade e diminuição de odor, fungos e bactérias em armários; em embalagens de alimentos para minimizar contaminação e conservar o item; e em tubos que recebem petróleo, como proteção.
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Entre os clientes atuais, estão a General Electric, que usa os produtos da Nanox em dispensers de água em seus refrigeradores, e a Tramontina, que aplica soluções em cabos de plástico dos talheres. “Nossa expertise é ter uma equipe multidisciplinar, com capacidade de transformar a técnica em produto. É um processo que queremos consolidar com mais empenho nos próximos anos”, afirma Minozzi.
As partículas são vendidas como matéria-prima. No caso da empresa precisar de uma solução que ainda não está desenvolvida, a startup estuda a solicitação e negocia se atuará como fornecedora ou se haverá transferência tecnológica.
Desde a fundação, a Nanox captou mais de R$ 15 milhões entre editais e investimentos de capital de risco. O dinheiro de fomento foi direcionado para desenvolvimentos técnicos, enquanto os aportes de venture capital foram utilizados para questões comerciais, de marketing e estruturação da empresa.
Neste ano, a Nanox vai investir R$ 5 milhões do próprio caixa e outros R$ 3,5 milhões captados via edital da Finep em novas pesquisas e desenvolvimento de produtos. Com crescimento de 30% no faturamento em 2024, a startup pretende repetir o feito em 2025. “A gente vem investindo nas operações fora do Brasil desde 2016. No ano passado, colhemos alguns frutos com novos clientes e, por conta do aumento do dólar, tivemos crescimento”, afirma Pagotto.
A deeptech tem um escritório em Chicago (EUA) e um laboratório em Portugal, na incubadora Mar & Indústria, em Figueira da Foz. “Temos a expectativa de ampliar o mercado no Brasil porque tem espaço e gerar vendas na Europa e nos Estados Unidos”, conclui o CEO.
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