Como transformar pequenas mudanças em grandes resultados
James Clear, autor de ‘Hábitos Atômicos’, mostra a importância de realizar melhorias pequenas, porém consistentes, para chegar a resultados maiores Por mais de um século, o time britânico de ciclismo amargou resultados modestos, na melhor das hipóteses, em competições internacionais como o Tour de France e os Jogos Olímpicos. Ao assumir a gestão do time, em 1997, o treinador Dave Brailsford alterou a estratégia. Em vez de transformar completamente as práticas e os exercícios da equipe, ele se concentrou em pequenas melhorias em aspectos variados de treinamento e desempenho. Investiu em conquistar ganhos marginais que somariam maiores resultados.
Entre as pequenas mudanças estavam usar pneus mais leves, instalar selins mais ergonômicos e oferecer massagens para estimular a recuperação muscular. Os ciclistas testaram quais travesseiros os ajudavam a dormir melhor e passaram a levar esses itens para os alojamentos em competições. Os pequenos incrementos, de fato, levaram a resultados agregados melhores. Em três anos, o time inglês ganhou o Tour de France. A partir dali, acumulou vitórias também nos Jogos Olímpicos.
É com essa história que James Clear, autor do best-seller “Hábitos Atômicos” e fundador da Habits Academy, ilustra o poder daquilo que chama de “melhorias de 1%”. “Um por cento de melhoria pode ser o caminho para um desempenho excepcional”, afirmou Clear em palestra na Convenção da International Franchise Association (IFA), em Las Vegas, nos Estados Unidos. “Excelência não envolve uma mudança radical, mas sim pequenas melhorias ao longo do tempo.”
Isso é possível se a pessoa tem um sistema de hábitos que proporcionam esses pequenos incrementos. Hábitos têm uma estrutura comum, descrita por Clear pelos seguintes passos:
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1. Estímulo: o gatilho que comunica ao cérebro para começar um hábito. Por exemplo, entrar na cozinha e ver um pote de biscoitos.
2. Desejo: a previsão que o cérebro faz a partir do estímulo. Ao ver o pote de biscoitos, a pessoa pensa no gosto doce dos quitutes.
3. Resposta: a expectativa do gosto a leva a pegar um biscoito do pote.
4. Recompensa: o cérebro registra a experiência como prazerosa.
Esse ciclo, contudo, pode levar tanto a resultados positivos quanto a negativos. Para evitar o segundo caso, é possível alterar o comportamento. As quatro leis da mudança, segundo Clear, são estas:
1. Torne o comportamento correto óbvio. Faça com que seja fácil de enxergar e lembrar.
2. Torne-o atraente e prazeroso.
3. Torne-o fácil e conveniente, reduzindo o número de passos para chegar até ele.
4. Torne -o satisfatório, assegurando que essa prática traga uma sensação de recompensa e preenchimento.
Há também uma inversão de sinais para quem quer passar longe do comportamento incorreto: torne-o invisível, pouco atraente, difícil e insatisfatório.
Esses passos podem ser aplicados em aspectos pessoais e profissionais. No Hospital Geral de Massachusetts, em Boston, por exemplo, um aumento na disponibilidade de água nas vending machines do refeitório levou os clientes a beberem 25% mais água e 11% menos refrigerante no local. “Os espaços com os quais você interage todos os dias dão forma aos seus hábitos”, resume Clear.
No âmbito pessoal, diz o autor, pensemos em uma pessoa que quer praticar corrida. Ela acorda às 6 da manhã, a cama está quente, lá fora está frio… então ela desiste. Mas, se ela combinou com um amigo de encontrá-lo às 6h15 para correr, mesmo que a cama esteja quente e a rua esteja fria, ela vai honrar o compromisso. Dessa forma, cria um hábito.
O segredo para facilitar esse processo, diz Clear, é acreditar em algo novo sobre você. “Todas as suas ações serão um voto na pessoa que você quer se tornar”, explica o autor. “O objetivo não é ler um livro, mas se tornar um leitor. Não é correr uma maratona, mas tornar-se corredor. Não é participar de um retiro silencioso de meditação, mas tornar-se um meditador.”
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