Ela começou a fazer colagens digitais para relaxar e hoje tem negócio que fatura até R$ 50 mil por mês | Mulheres Empreendedoras
Para Nanda Rodrigues, 32 anos, começar a fazer colagens digitais foi uma forma de relaxar em meio a crises de ansiedade. As artes viraram negócio em 2020, com a marca Anandacolaa, que vende por meio de um e-commerce próprio. O faturamento do empreendimento varia de acordo com as datas comemorativas, mas chega a R$ 50 mil em dezembro, por conta do Natal, e R$ 30 mil, em junho, com o Dia dos Namorados.
A gestão do empreendimento é dividida entre Rodrigues e sua companheira, Asani Shomari, que se tornou sócia no ano passado. “Ela é advogada e percebeu minha dificuldade na gestão de contratos, assumindo essa responsabilidade. Hoje, também me auxilia em questões burocráticas, como direitos autorais, e atua como minha curadora de arte”, diz Rodrigues. Toda a produção é feita dentro da casa das empreendedoras, em Belo Horizonte (MG).
Rodrigues, que também segue carreira na área de licenciamento ambiental, se interessou por colagens no início da pandemia do coronavírus. “Era uma válvula de escape no final do dia, mas, depois que postei nas redes sociais, comecei a ter um retorno muito bom. As pessoas me mandaram mensagem dizendo que queriam comprar para ter em casa”, conta a empreendedora, que passou a vender as artes em formato digital duas semanas após a primeira publicação.
Depois de um tempo, porém, a empreendedora começou a ter problemas com a reprodução indevida das suas artes. “As pessoas tinham acesso ao arquivo digital e comercializavam. Depois de cinco meses, decidi que eu mesma faria a impressão e enviaria para os clientes”, diz Rodrigues.
Em 2022, passou a ser procurada por pessoas interessadas em outros serviços. “Uma empresa entrou em contato querendo que eu desenvolvesse uma identidade visual”, afirma Rodrigues, que também começou a oferecer serviços de lambe-lambe para decoração dos estabelecimentos.
“Desenvolvemos o produto de acordo com a necessidade do cliente e a temática do negócio”, pontua, ela, que já atendeu de bar de samba a salão de beleza.
Segundo Rodrigues, seu estilo se transformou ao longo do tempo. “Inicialmente, as artes tinham uma pegada de música brasileira, como tropicalismo e inspiração em artistas como Gal Costa e Caetano Veloso. Mas ainda não era a minha identidade”, afirma. Hoje, ela descreve sua arte como “mais afrocentrada”.
“Percebi uma ausencia de artistas negros na técnica de colagens digitais, tanto na produção como nas imagens. A partir desse desconforto, quis que as pessoas negras se sentissem representadas quando olhassem para o meu trabalho.”
Em 2024, a empreendedora foi convidada para participar de uma feira, e levou outros produtos para expor. “Era uma maneira de testar como o público receberia itens como ecobags, canecas e agendas. Foi um sucesso de vendas”, afirma. Os novos itens já estão disponíveis no site, com entrega para todo o Brasil.
Rodrigues divde a rotina de empreendedora com o emprego na área de licenciamento ambiental — metade do dia em cada função, mas tem o plano de abrir uma loja física e está procurando espaços que se encaixem na sua proposta. “Quero que também seja um lugar de troca e acolhimento, como um café, para artistas que desejam trabalhar com técnicas de colagem”, afirma. Outro objetivo é comercializar para outros países.