Produtos de Natal já movimentam agenda de empreendedores e indústria. Veja como se preparar | Ideias de negócios
Segundo a Abimapi (Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias, Pães e Bolos Industrializados), de novembro de 2023 a janeiro de 2024, foram vendidos cerca de 37,6 milhões de panetones. Do total comercializado, 43% foram de panetones tradicionais, nos sabores de frutas cristalizadas e gotas de chocolate. Para este final de ano e início de 2025, o setor espera um crescimento de 3% a 5% no volume de vendas.
A empreendedora Leila Cardoso, 41 anos, dona do ateliê Tica Mel, só começa as primeiras fornadas em novembro, mas já começa a divulgar o catálogo e a receber pedidos em meados de julho. “[Isso me ajuda a ter] uma produção mais tranquila e sem correria. Os doces que vão com decorações em pasta americana, por exemplo, já conseguimos adiantar meses antes”, diz.
Cardoso começou a empreender na confeitaria em 2010, após sofrer um acidente de moto. Durante o processo de recuperação ela passou a fazer pão de mel para ter uma renda extra. Os produtos natalinos, como doces em formato de árvore de Natal, guirlandas, rena e Papai Noel entraram no portfólio em 2019, e se tornaram marca registrada do negócio.
Em 2023, a Tica Mel vendeu cerca de 290 doces natalinos, com preços que iam de R$ 10 a R$ 300. Para 2024, Cardoso espera ter o dobro de pedidos. “Buscamos [vender] produtos de alta demanda. Nsse ano vamos investir em donuts e tortas para sobremesas”. O faturamento mensal da loja é entre R$ 3 mil e R$ 8 mil, mas com as vendas de final de ano, ela projeta chegar a R$ 10 mil.
O Natal também é a época do ano mais aguardada pela confeiteira mineira Mazé Lima, dona da Mazé Doces, uma loja especializada em frutas cristalizadas e compotas. O carro-chefe da empreendedora, frutas cristalizadas inteiras, como abacaxi e abóboras, por exemplo, são feitas com mais de seis meses de antecedência, e ficam disponíveis ao público apenas poucos dias antes da celebração.
“Primeiro, a gente tem que preparar as frutas e deixá-las em ponto de calda. Depois da fase de descanso, acondicionamos tudo, levamos para a câmara fria e deixamos os produtos descansarem por, no mínimo, seis meses para ter uma ‘boa saturação’. Retiramos apenas no início de dezembro”, detalha.
De acordo com ela, a busca pelas frutas cristalizadas inteiras está tão intensa neste ano que será necessário abrir uma lista de espera. Essa lista estará disponível no e-commerce a partir de 28 de novembro. “Quando chega final de ano, a nossa demanda, em geral, já aumenta quatro vezes mais que o habitual dos demais meses”, afirma.
“Essa antecipação tem um grande valor comercial para o varejo, pois os consumidores aguardam ansiosamente por esse momento. Ao garantir a distribuição em larga escala, a Bauducco reforça sua presença nos pontos de venda, antecipando a celebração e criando um impacto positivo nas vendas de Natal”, afirma Luis Fernando Iannini, diretor de marketing da marca.
O final de ano costuma ser agitado no setor varejista. É por isso que, Luiz Alberto Marinho, sócio-diretor da Gouvêa Malls, empresa da Gouvêa Ecosystem, afirma que a produção de artigos ou serviços natalinos deve ser feita com meses de antecedência pelos comerciantes, justamente pelo fato de ser uma época com alta demanda de vendas.
“O empreendedor precisa de tempo para produzir, mas é aí que reside o grande desafio: prever qual será a demanda exata naquele final de ano. É comum, muitas vezes, que os lojistas mais conservadores fiquem sem estoque. Já os lojistas otimistas demais, por outro lado, às vezes criam um estoque muito grande e depois precisam fazer algum tipo de liquidação no pós-Natal porque não conseguiram vender os produtos no preço cheio”, diz.