Startup quer economizar um milhão de horas de trabalho até 2030 com plataforma para redução de burocracia fiscal | Startups
43.994 horas. Este é o tempo que empresas brasileiras chegam a gastar anualmente com a gestão tributária dos negócios, considerando as horas de trabalho de diversos colaboradores. Os dados, que são resultado do estudo Tax do Amanhã 2023, da Deloitte, são um reflexo da realidade que motivou os empreendedores Thiago Silveira, 33 anos, e Caio Lages, 36, a fundarem a Taxly.
Formados em direito, interessados por startups e incomodados com o tempo gasto por empresas com burocracias, os empresários decidiram se juntar para desenvolver uma solução capaz de gerenciar e automatizar processos de backoffice normalmente feitos de forma manual. De olho na quantidade de horas de trabalho dedicadas às tarefas relacionadas apenas aos expedientes fiscais, eles começaram o negócio como uma taxtech.
O produto funciona como SaaS e on-premise (com adaptações técnicas específicas), começou a ser desenvolvido em setembro de 2022 e chegou oficialmente ao mercado em 2023. “Este primeiro ano serviu para validar que a dor realmente existe e que as pessoas estão dispostas a pagar por um produto para resolver essa dor”, aponta Lages.
O principal objetivo do negócio é economizar tempo dentro das corporações ao facilitar o acesso a informações que estão distribuídas em diferentes espaços e órgãos públicos. Por meio de sua própria plataforma, a startup centraliza a gestão de diferentes tipos de certidões e consultas fiscais a partir de mais de 20 integrações, que consideram acessos como de CNDs (Certidão Negativa de Débitos), consultas de dívida ativa, ações judiciais e falências.
“A gente é um grande shopping que as empresas podem acessar para consultar documentos de diversos locais e de jurisdições diferentes. Estamos conectados desde a Receita Federal até órgãos trabalhistas e pequenas prefeituras, por exemplo. É uma tentativa de reunir em um só lugar tudo o que as empresas precisam para poder ter regularidade e compliance fiscal”, explica Silveira.
Na plataforma, as empresas podem fazer leitura automática de documentos (OCR), centralizar arquivos, definir recorrência de renovações de certidões, receber alertas relativos a burocracia fiscal e gerenciar históricos. A expectativa dos fundadores é que o serviço economize um milhão de horas trabalhadas até 2030. Ao devolver horas úteis, a startup quer ajudar os usuários a focar em atividades mais estratégicas ou, até mesmo, em atividades pessoais.
Com o objetivo de acelerar o crescimento do negócio, que hoje conta com 12 empresas na carteira de clientes – que somam mais de 3,5 mil CNPJs (Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica) – a Taxly concluiu em fevereiro deste ano uma rodada de investimento de R$ 1,2 milhão, liderada pelo Fundo Soberano do Estado do Espírito Santo (Funses).
Depois do primeiro ano em bootstraping, os recursos da captação serão destinados à ampliação do time de colaboradores da startup e ao desenvolvimento de novas soluções. De acordo com os empreendedores, o objetivo é seguir um modelo de negócio workflow a fim de acompanhar outras necessidades associadas às dores que a plataforma já busca resolver.
Uma das ferramentas que deve que começar a ser testada até o fim deste ano é um chatbot baseado em inteligência artificial (IA) para facilitar o acesso a informações relativas à burocracia fiscal da empresa. “A pessoa vai poder perguntar quando um determinado documento foi emitido, quem é a pessoa responsável por verificar uma pendência e outras diversas perguntas simples, mas que exigiram tempo para a pessoa encontrar a resposta sozinha”, aponta Silveira. Ele afirma que a ideia é tentar atender as demandas das grandes empresas que apresentam crescente interesse por soluções baseadas em IA.
Com uma ARR (receita anual recorrente) de R$ 410 mil, a expectativa é dobrar o número de clientes ainda neste ano e atingir R$ 1 milhão até o fim de 2024, número 10 vezes maior em relação ao de 2023. Para manter o ritmo de crescimento, a Taxly deve buscar uma rodada seed entre novembro e dezembro deste ano.